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Queria te ligar:


Foi depois das uma que esqueci de te esquecer. Quando deu duas, eu decidi te procurar. Às três, eu cansei de caçar o seu número apagado. E finalmente, às quatro, eu lamentei por ser fraco e voltei a esquecê-lo.

Gostaria que fosse tão fácil quanto esvaziar a lixeira do computador. Ou clicar acidentalmente no botão “delete” e então, enquanto a barra carrega, tudo se apaga. Não apenas as discussões e os motivos de termos tomado caminhos diferentes, mas a primeira vez que o vi. Os beijos. Quando senti seu coração junto ao meu.

Seria tão mais simples do que dizer que te esqueci, mesmo sabendo que quando o dia ficar vermelho, o céu escurecer e eu quiser chorar, vou querer cair na tentação de cair em seus braços.

Talvez seja a minha alma canceriana ou a natureza chorona que a cerca. Cheio de melodramas e arrependimentos, mas sinto sua falta. Pensando bem, quem não sente falta daquele amado? Ou pelo menos dos dias coloridos em que não havia preocupações?

Somos humanos. Nascemos. Vivemos. Amamos. E nunca esquecemos.

Temos um disco rígido melhor do que o de qualquer computador. E mesmo que eu não lembre exatamente do cheiro que senti quando lhe dei um último abraço, ou do que comi no Subway no primeiro encontro e nem em como estava vestido quando fomos no cinema pela primeira vez, lembro de cada sentimento eufórico que senti ao seu lado.

E sentimentos são marcas que não cicatrizam. Algumas semelhantes surgem, mas nunca idênticas, simplesmente por que toda e qualquer pessoa no mundo é única e os efeitos que nos causam, também são.

Então não me leve a mal se ainda fico triste por você. Não é amor reprimido, nem dor de cotovelo, mas saudades de andar nas nuvens por alguém, de sentir aquele calor familiar. O porquê? Nos apegamos a mesmice, mesmo que seja tediosa, é familiar. É aconchegante.

Aceitei que não era para ser desde o dia em que virou as costas e o observei ir embora para casa. Mas mesmo que eu acredite que não há apenas um amor, que há pessoas passageiras e outras que ficam, não posso esquecer o que me fez sentir.

Mesmo que eu diga o contrário.


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